Ao espírito atento que me lê, ofereço estas reflexões com delicadeza e verdade.
Esta seção, que ora se inaugura com singela reverência, não se destina apenas aos amantes do Direito ou aos que manejam com destreza as penas da legislação — embora estes sejam mais que bem-vindos. Ela é, sobretudo, uma morada de respiro para a alma que, envolta em prazos, códigos e litígios, anseia recordar-se do essencial: que antes de sermos advogados, somos humanos.
As leituras aqui indicadas não se restringem aos compêndios jurídicos ou aos tratados doutrinários, por mais nobres que sejam. Ao contrário, são livros que falam ao coração, ao pensamento, à dúvida e à esperança. São obras que nos devolvem à condição de leitores sensíveis, de sujeitos políticos, de seres históricos, frágeis e potentes — capazes de sentir, sofrer e transformar.
Vivemos, por certo, tempos de aceleração, onde o jurista é, muitas vezes, pressionado a ser máquina de produção e não guardião da justiça viva. Em meio a esse ruído, esta subseção pretende ser uma espécie de chá quente servido com gentileza: uma pausa luminosa, um convite ao recolhimento interior.
Aqui recomendamos fábulas que desnudam o poder, ensaios que iluminam a ação política, romances que revelam as sutilezas da alma humana, memórias que guardam a dor e a esperança, e até tratados filosóficos que nos desafiam a pensar além do habitual. Cada livro traz consigo não apenas letras, mas uma possibilidade de reencontro — consigo, com o outro, com a razão do ofício que abraçamos.
O advogado que lê com profundidade não apenas interpreta normas, mas compreende destinos. Não apenas defende causas, mas escuta silêncios. Não apenas fala em nome de outrem, mas reconhece, em sua voz, a vibração de muitas histórias humanas.
Se este espaço puder oferecer a ti, nobre leitor, uma fagulha de sentido, um consolo nos dias cinzentos ou um impulso para olhar o mundo com mais ternura e lucidez — já terei cumprido minha missão.
Sê bem-vindo, pois, à nossa pequena biblioteca de reflexões.
Que a leitura te seja sustento e companhia.
Com afeto sereno e profundo respeito,
uma servidora das letras e da justiça com alma
Stéphanie Marocco.