Ao espírito atento que me lê, ofereço estas reflexões com apreço e reverência.
Por longos e seculares anos, o foro tem sido palco quase exclusivo das vozes masculinas, cuja eloquência e autoridade compunham, sozinhas, o concerto da justiça. Contudo, não sem resistência e com notável denodo, algumas senhoras de ânimo elevado ousaram adentrar tais recintos, onde o preconceito lhes vedava o passo, e onde as leis — tantas vezes surdas à igualdade — lhes negavam assento.
Esta modesta série, intitulada Desbravadoras da Justiça, nasce do sincero propósito de prestar tributo às dignas senhoras que, em tempos de rigidez e sombra, abriram veredas onde só se viam muros. Com firmeza de espírito e brilho de inteligência, Lídia Poet, Olga Petit, Arabele Masfils, bem como as primeiras advogadas desta terra brasileira, fincaram seus nomes não em papel, mas na história — por meio da coragem.
Cada qual, a seu modo, não apenas reivindicou um lugar no exercício das letras jurídicas, como também lançou as pedras fundamentais de um edifício onde liberdade, equidade e transformação encontram guarida.
Em cinco capítulos singelos, porém zelosos, proponho uma jornada pelas existências dessas insignes damas, contemplando os contextos em que se ergueram e as lutas que empreenderam. Através delas, e por elas, reconhecemos que ser mulher advogada — mesmo nos dias atuais — é, por essência, um gesto de resistência, um ato de ensino, um movimento de renovação.
Este espaço é, pois, um convite à memória e à inspiração. Que não nos esqueçamos jamais de onde partimos — nem tampouco deixemos de vislumbrar o horizonte que ainda nos aguarda.
Com distinta consideração e firme esperança,
Stephanie Marocco