Com o coração curioso de quem acompanha os movimentos internacionais com um olhar atento e patriótico, trago-vos, dileto leitor, as mais recentes notícias que, como relâmpago em céu azul, sacudiram os alicerces da diplomacia entre Brasil e Estados Unidos.
No último 9 de julho do ano corrente, o presidente norte-americano Donald Trump — figura já conhecida por seu estilo ruidoso e pouco cerimonioso — anunciou, com tinta firme e gesto calculado, a imposição de uma tarifa de cinquenta por cento sobre todos os bens exportados por nosso Brasil para terras estadunidenses. A medida, que entra em vigor no primeiro dia de agosto, foi enviada ao presidente Lula por meio de carta oficial, como se a grande nação do Norte pudesse, com seus selos e carimbos, dobrar a soberania de um povo altivo e independente.
Trump, sempre teatral em sua atuação política, alegou que o Brasil tem perseguido, em tribunais e manchetes, o ex-presidente Jair Bolsonaro — a quem ele trata com reverência quase fraternal. Mas não nos deixemos enganar por tais cortinas de fumaça: o verdadeiro incômodo norte-americano repousa sobre algo bem mais profundo — a recente aproximação dos países do BRICS e seus esforços para desenhar uma nova ordem econômica, onde o dólar não mais reina sozinho e absoluto. O gesto brasileiro de buscar acordos em moedas locais, sem subserviência à moeda estadunidense, causou desconforto nos salões de Washington.
É uma retaliação, pois, não apenas ao que chamam de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, mas sobretudo ao despertar de uma nova diplomacia sulista, que ousa sonhar com autonomia. O Brasil, por sua vez, manteve-se firme e digno. O presidente Lula, com voz serena, declarou que nossa nação não aceita tutela. Rejeitamos qualquer ingerência em nosso sistema de justiça e reafirmamos que nossas instituições são tão robustas quanto livres.
E o que dizer da repercussão no exterior? Vários países já observam a atitude americana com certa perplexidade. A Europa, silenciosa, ergue as sobrancelhas. A China e a Índia, aliadas no BRICS, aproximam-se com gestos mais afetuosos. Os ventos da diplomacia mudam, e o Brasil se ergue, uma vez mais, como ator protagonista neste novo palco global.
A atitude do Sr. Trump — que poderíamos muito bem chamar de tarifaço teatral — é vista por muitos economistas e diplomatas como um desatino. Não é comércio, é vingança. Não é política de Estado, é capricho pessoal. A tentativa de dobrar o Brasil por meio de ameaças fiscais revela mais sobre a insegurança de quem teme perder influência do que sobre qualquer suposta “injustiça” cometida por nossas cortes.
Termino esta missiva com uma reflexão: é preciso, mais do que nunca, recordar que soberania não se negocia. Um povo livre escolhe seus caminhos, suas moedas, seus aliados e seus julgamentos. E quando se busca punir tal liberdade com tarifas e represálias, é o mundo inteiro que assiste, com atenção redobrada, à balança da justiça e da dignidade pender, com força, para o lado daqueles que ousam resistir.
Com consideração e espírito republicano,
Redatora de crônicas para tempos turbulentos
Stéphanie Marocco